A vocação é um dom divino. Um chamado dirigido ao mais profundo do coração humano (Jr 1, 4-5). É sinal do amor de Deus dirigido à pessoa chamada e ao povo. Ela tem uma finalidade missionária, mas antes de ser exercida, precisa do consentimento humano (Lc 18,18-23). Por mais que Deus queira realizar uma obra por intermédio do eleito, ele sempre vai esperar o consentimento da pessoa chamada (Is 6,8). Às vezes, o(a) vocacionado(a) não se sente preparado(a), diante da desafiante missão, então busca ajuda em outras pessoas (Ex 4,10-17). Deus, muitas vezes, se vale da fraqueza humana para realizar o seu plano, pois o Reino é de Deus. O(a) vocacionado(a) é um instrumento útil para a concretização do plano divino. (At 9,15).
Toda a vocação surge por causa do Reino, para garantir que a vida humana seja mais valorizada e respeitada. Hoje não é diferente, Deus continua chamando pessoas para realizar grandes missões. Algumas pessoas são chamadas para realizar missões com maior visibilidade, outras de modo bem discreto, mas sempre em vista de tornar o Reino mais visível.
Quando se sente o chamado, geralmente se tem medo, pois sente-se no peito um eco muito forte, que impele a tomar uma decisão. A resposta dada a Cristo, exige mudança de atitudes, de certo modo, uma ruptura com o jeito que se vivia até o momento de pronunciar o sim. É uma proposta de maior comprometimento com tudo o que é de Jesus. Isso exige um enamorar-se de Cristo, por meio da Palavra e da Oração. A busca pela vontade de Deus leva a pessoa chamada a buscar um meio para viver em profundidade esse chamado. Então, inicia-se a busca por instituições, que favoreçam a vivencia do carisma pessoal, por meio do carisma institucional. Ou seja, o(a) jovem busca uma congregação religiosa, um seminário, uma comunidade de vida, ou um maior engajamento na Igreja por meio das pastorais, serviços, movimentos, associações e organismos.
Se você sente-se chamado por Jesus Cristo, não tenha medo de dar sua resposta a Ele. Jesus Cristo é a melhor notícia que se tem para divulgar. Ele continua a interpelar muitos corações. O Homem de Nazaré continua a passar no mar da Galiléia de hoje. E ainda olha para você jovem e te convida, “Segui-me” (Mt 4,18-22).
Os jovens de hoje são sedentos de Deus, estão inconformados com o atual sistema. Nem sempre tem consciência dessa busca. Estão buscando a auto-realização, mas somente Deus pode realizar plenamente o ser humano, pois quanto mais perto do Criador a criatura humana estiver, mais feliz e realizada será. A pergunta de Jesus feita aos primeiros discípulos se dirige também a juventude atual: “Que estais procurando?” (Jo 1,38a) Eles responderam imediatamente. “Rabi (que, traduzido, significa Mestre), onde Moras?” (Jo 1,38b). Jesus lhes diz: “Vinde e Vede. Então eles foram e viram onde morava, e permaneceram com ele”. (Jo 1,39a).
Jovem, se você sente essa interpelação de Jesus, procure fazer um discernimento vocacional. Estamos a sua disposição para ajudá-lo a encontrar Jesus e a permanecer com ele. Procure uma de nossas casas.
“Eis o Cordeiro de Deus” (Jo, 135), o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas (Jo, 10,11).
“Espiritualidade é o que faz com que vivamos segundo o Espírito. E é marcada no cotidiano de nossa existência”. (1 Cor 12,3/Rom. 8,9)
Ser Cristão é imitar os apóstolos no seguimento de Jesus. Claro que é importante e também necessário que tiremos um tempo especial para declarar a presença de Deus no nosso dia-a-dia. A mística pessoal é o que marca, sela e da originalidade a todo nosso ser. Revela – se no nosso olhar sobre a juventude, no jeito que sentimos, no jeito que acolhemos aos outros, em nossas mãos que juntas com outras mãos, constroem, no nosso grito indignado diante de uma situação injusta, no nosso parar para contemplar e embebedar – se da alegria de estarmos vivos ao final de mais um dia de luta.
A Espiritualidade na Pastoral da Juventude, tem por finalidade ajudar os jovens a resgatar o prazer de celebrar. A mística que nos alimenta e nos sustenta é marcada pela atitude de esperança diante das situações da vida, diante do mundo.
Nossa espiritualidade é também marcada pela riqueza cultural. Somos jovens de muitos costumes, jeitos e histórias. Cada lugar tem sua característica especial. Isso faz com que tenhamos a sensibilidade de estarmos muito abertos, com espírito acolhedor, as diferenças que formam a riqueza de nossa unidade. Um traço forte que marca nossos momentos celebrativos é a acolhida e o carinho com as pessoas.
Enfim, todos (as) devemos nos sentir motivados a cultivar a espiritualidade no cotidiano, afinal, a esperança e a fé fazem de nós pessoas corajosas, testemunhas, sinais vivos e presentes do Reino. Nossos momentos de Espiritualidade quer devolver ao jovem o prazer de celebrar, através do que a Igreja já nos oferece e também utilizando do seu próprio interesse. Sempre buscamos o jeito mais simples de celebrar a nossa caminhada através da nossa vivência diária. “Ver o invisível” é experiência que todos aqueles que amam fazem muitas vezes sem saber explicar, é desse jeito também que vemos tudo o que nos fala ao coração: objetos que guardam lembranças, livros ou filmes que nos emocionam, fatos e pessoas que nos marcam, histórias contadas por nós mesmos. Em outras palavras, nossa espiritualidade tem a ver com as motivações que nos impulsionam.
As várias ferramentas que temos a nossa disposição também são fundamentais para uma boa espiritualidade, o Oficio Divino das Comunidades e em especial o da juventude que foi criado com intuito de facilitar nossos momentos de oração, a Leitura Orante da Bíblia, os materiais e cursos específicos para despertar a espiritualidade são também bastante utilizados, mas o que conta mesmo é nossa vivência, Espiritualidade para os jovens da Pastoral da Juventude se resume em vivência.
A chegada
A chegada é um momento de oração pessoal e de silêncio para “reunir o coração” e constituir uma assembléia em oração. O ambiente de oração bem preparado, acolhedor, belo e simples, arrumado de forma harmoniosa com velas, flores, bíblia, ícones... ajuda a criar um clima de recolhimento. Também o refrão meditativo, repetido várias vezes com intensidades diferentes, possibilita este clima de silêncio, unificando, reunindo, apaziguando e harmonizando as pessoas para a oração comunitária. Enquanto o refrão é cantado, pode-se acender uma vela ou Círio Pascal (segundo a tradição e costume). Também pode ser feita uma entrada solene da luz acesa.
Abertura
O ofício começa sem nenhum comentário. Depois do momento de silêncio, da oração pessoal com o coração aquecido a assembléia se põe em pé e quem coordena entoa os versos e todos/todas repetem. São versos bíblicos de invocação de Deus, expressando a gratuidade da oração e a iniciativa de Deus, expressando a gratuidade da oração e a iniciativa de Deus ou de convite para o seu louvor. É bom variar a melodia (mais calma para os dias comuns e mais vibrante nos dias de festa).
Recordação da vida
Na recordação da vida, faz-se memória da páscoa de Cristo presente em nossa realidade, social e cotidiana. Lembramos os fatos que são sinais de morte e ressurreição, de tristezas e alegrias, sinais da páscoa de Jesus acontecendo no hoje da vida, da comunidade, dos povos, da historia, das Igrejas e da natureza. A vida está “latente” em toda a celebração, mas a recordação da vida é o momento em que explicitamos mais claramente a relação entre a celebração e a vida.
Nesse momento, que coordena pode perguntar: “O que aconteceu de importante nestes dias que gostaríamos de recordar?” Ou: “Há alguma lembrança que as irmãs e os irmãos gostariam de partilhar?” Ou ainda: “Quais foram os fatos, os acontecimentos, as situações e as pessoas que marcaram a nossa vida nesta semana?”
Hino
No ofício o hino é um canto diferente do salmo, que tem a função de expressar de forma orante, poética e popular a relação entre o mistério pascal de Jesus, a hora do dia, a hora da vida (que foi lembrada na recordação da vida) e ou do tempo litúrgico. Em cada ofício se encontra um hino, mas o grupo tem a liberdade de escolher outros hinos, valorizando os “hinos da juventude”, os “hinos da caminhada latino-americana” e os “hinos da música popular brasileira”, sem perder o sentido de explicitar o sentido do mistério celebrado.
Salmo
O salmo é um dos elementos centrais no Ofício Divino. Os salmos são poemas, cânticos, preces... que acompanham o povo de Deus em busca da terra prometida e foram a oração de Maria, de Jesus e das primeiras comunidades cristãs. Por um lados eles são símbolos de tudo o que o ser humano carrega em seu coração: alegrias e sofrimentos, angústias e esperanças, docilidade e indignação, amor e ódio... Por outro lado, eles são símbolos que revelam o próprio Deus, atento ao grito dos pobres.
Na tradição das Igrejas cristãs, um salmo sempre é rezado a partir de Jesus e da sua vitória pascal. Com esta chave somos convidados a entrar na oração do salmo fazendo dele nossa própria oração. Por isso, no Ofício os salmos estão em versão popular para serem cantados.
Depois do hino, alguém introduz o salmo. O cantor ou a cantora entoa e a assembléia entra alternando com vozes de mulheres e homens, ou de cantor(a) e comunidade. No final do salmo há um tempo de silencio e de repetição de alguma palavra que tocou em nossa experiência pessoal... para curtir a palavra de Deus e deixar que elas se tornem a palavra da nossa oração.
Leitura bíblica
Além do salmo há no ofício uma leitura bíblica que pode ser dos evangelhos ou de outros livros do Antigo ou do Novo Testamento. Se for do evangelho pode ser precedido por uma aclamação que pode ser repetida depois do evangelho. Se for outra leitura é seguida de versos bíblicos de meditação. Neste ofício sugerimos alguns textos bíblicos que estão impressos no esquema do ofício, ou a leitura do dia, mas anda impede que o grupo possa escolher outra leitura bíblica.
Meditação
Depois da leitura, há um tempo para meditação. Este tempo é para deixar que a palavra caia mais profundamente no coração e se encontre com a nossa experiência de vida. Após um tempo de silêncio, pode haver partilha de sentimentos, compromissos e apelos que a boa nova do Senhor fez surgir em nós. Para ajudar neste momento de meditação sugerimos a leitura de um texto da carta de Ir. Roger: Juntos às fontes da alegria.
Cântico Evangélico
O cântico evangélico é entoado após o momento da meditação. Ao despertar de cada dia, no ofício do amanhecer, a comunidade entoa o cântico de Zacarias (Lucas 1, 68-79), “o sol da justiça nos veio visitar”; no entardecer a comunidade cheia de gratidão, com o cântico de Maria (Lucas 1, 46-55), dá graças ao Pai pelas maravilhas que Ele realiza na história, e, à noite, a comunidade canta o canto de Simeão (Lucas 2 19-32) “na grata e serena alegria de quem viu a salvação acontecer”. É costuma cantá-la de pé, acompanhado ao som de instrumentos, com danças e oferta do incenso expressando o alegre louvor pascal e ação de graças pela redenção, na esperança e justiça.
Preces, Pai-Nosso e Oração
Após o cântico evangélico temos o momento das preces, do Pai-Nosso e da oração final. Nas preces a comunidade louva, agradece, pede, suplica, intercede ao Pai por toda a humanidade. Alguém faz o convite e propõe a resposta, de preferência cantada. Além das preces que constam no texto do livro, as pessoas podem acrescentar espontaneamente as suas preces. No final das preces, que coordena faz um breve convite à oração do Pai-nosso, para que todos possam iniciar Juntos: “Pai-nosso...”, acompanhado da doxologia, “pois vosso é o Reino, o poder e a glória para sempre”, ou cantar a versão ecumênica. A seguir conclui com a oração final , podendo, para isso, usar as palavras que estão no livro, ou fazer uma outra espontânea.
Benção
O ofício termina com a benção. Quem coordena o ofício convida a assembléia a prolongar o louvor, bendizendo o Senhor ao longo do dia, em nossos trabalhos, ou no descanso da noite.
A juventude gosta de terminar o oficio com um canto ou uma dança ou um abraço de paz, a equipe poderá encontrar um refrão que funcione como “saideira”, ligando o ofício da manhã ou da noite com o ofício que continua ao longo do dia ou da noite. Neste momento poderia dançar uma ciranda ou outra dança.